Public Enemies e o talento de Michael Mann!

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public enemiesA primeira coisa que me passou à cabeça quando fiquei sabendo deste filme: será que Michael Mann vai conseguir manter a sua qualidade como diretor e realizar um marcante filme de bandidos e, além disso, de época?!

Depois de três meses mostro a cara novamente para escrever aqui no blog, e digo que gostaria que fosse com uma satisfação maior sobre o referido filme. Ele não superou e tão-menos atingiu as minhas expectativas.

O filme apresenta, em tese, a mesma falha que a obra antecedente, Miami Vice (2006), deste que é, talvez, um dos 10 melhores diretores da atualidade. Qual seja: a falta de um roteiro de qualidade. É, ao menos na minha impressão, evidente a desconexão que existe entre os personagens, faltando dar vida e profundidade às histórias de cada integrante da trama. Michael Mann, que também assinou o screenplay, demonstra novamente a sua mediocridade para a escrita.

Todavia, o seu talento na direção salta aos olhos como uma jóia rara. Li uma crítica no cineplayers afirmando que “ninguém, mas ninguém sabe filmar um tiroteio como Michael Mann”. Essa declaração é da mais pura verdade. Ele é, sem dúvida, o que há de melhor e até arriscaria dizer o que já houve de melhor em termos de cenas de ação. Ademais, indo além na explicitação, eu diria que é também o mais detalhista e perfeito entre todos. Ninguém se apega a preciosismos como Michael Mann; ninguém é melhor com uma câmera na mão do que Michael Mann.

A trilha sonora, um dos pontos fortes do diretor em trabalhos anteriores, ainda que bastante eloqüente, não serve de fundo para a história.

Duas cenas ficarão marcadas na história do cinema, tamanha a qualidade. A primeira, o tiroteio e a perseguição que ocorre na noite, em meio ao mato. A segunda, e mais marcante, refere-se aos últimos minutos do filme, em que a obra se redimi de tudo de ruim que havia apresentado até então. Pura tensão e suspense de primeira linha, pra fechar com chave de ouro, aliás, outra qualidade de Mann: o fato de saber como encerrar uma película.

Com relação ao elenco, estelar, por sinal, não se apresenta com uma boa vibração. Johnny Depp foi escolhido erroneamente para o protagonista, não conseguindo demonstrar por que é um dos atores mais versáteis do cinema mundial. Talvez justamente por isso: ele não serve para papéis “simples” demais; necessita excentricidade. Marion Cotillard, vendedora do Oscar em 2008 pelo seu papel como Edith Piaf, está apagadíssima, irreconhecível. O único que se salva, e que foi injustamente mal explorado pelo roteiro, é Christian Bale, o homem-morcego, de atuação bastante confiante e segura. Creio eu que um dos culpados para as atuações abaixo do esperado por um elenco tão grandioso é a falta de qualidade do roteiro. Sim, novamente o roteiro: a ovelha negra do filme.

Um filme tecnicamente como artisticamente brilhante, sendo que até lembra um pouco ao tão aclamado sucesso de Brian De Palma, Os Intocáveis (1987), em termos de qualidade técnica.

Na mão de qualquer outro diretor seria só mais um péssimo filme de ação, porém Michael Mann ao mesmo tempo em que caprichou nos detalhes técnicos, contribuiu para o insucesso através da trama: uma dualidade infeliz, para ele e para todos nós. Resumindo, um conjunto de qualidades e pontos negativos, todos desconexos entre si.

Um filme ruim? Não. Um filme fraco, contudo, um filme de Michael Mann!

Avaliação: 7

Ficha técnica:

Inimigos Públicos (Public Enemies, 2009)
Diretor:
Michael Mann
Roteiro: Ronan Bennett, Michael Mann e Ann Biderman
Elenco: Johnny Depp, Christian Bale, Marion Cotillard, Billy Crudup, Stephen Dorff, Leelee Sobieski e Giovanni Ribisi, …
Duração: 140 minutos
Distribuição: Universal Pictures

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